Adeus, Paçoca: Quatiguá se despede da cachorrinha
Quatiguá (PR) — A cidade amanheceu mais silenciosa nesta segunda-feira. Faltou o rabo abanando na porta da Prefeitura, o cochilo despreocupado nos canteiros ao sol da manhã, e o latido discreto, quase como um cumprimento, aos que passavam. Paçoca, a cadelinha comunitária mais amada de Quatiguá, partiu no último domingo (13), por volta das 16h, após 12 dias internada tratando de um problema nos rins, na clínica Vet Plus, em Joaquim Távora, porém, mesmo com todos os cuidados, ela não resistiu. Paçoca já vinha apresentando problemas de saúde, típicos da idade. Ela tinha cerca de 13 anos e deixou uma marca profunda na vida de todos os que tiveram a sorte de conhecê-la.
Paçoca não era “de ninguém”, e talvez por isso fosse de todos. A mascote da Prefeitura se tornou, ao longo dos anos, um símbolo da cidade, da acolhida e do carinho descompromissado, desses que não pedem nada em troca. Ela recepcionava, diariamente, os servidores públicos logo cedo, com o jeito manso e fiel de quem entende tudo sem dizer nada. Depois se aninhava nos jardins, espiando a vida passar sob o calor do sol da manhã.
Ela tinha uma casinha na Câmara Municipal, mas sua casa era a cidade inteira.
Uma vida cheia de histórias e passeios
A fama de Paçoca ultrapassava a praça central. Ela acompanhava cortejos fúnebres com a mesma reverência que se entregava aos desfiles e apresentações de fanfarras. Era presença certa nos eventos públicos, e não estranhava nada — parecia até que fazia parte da programação oficial.
Não foram raras as vezes também, em que ela seguiu peregrinos em longas caminhadas até os santuários de Siqueira Campos e Joaquim Távora. Nessas ocasiões, seus "cuidadores" se mobilizavam para ir buscá-la, preocupados com possíveis acidentes. Apesar das aventuras, Paçoca sempre contou com cuidados veterinários quando precisou — sempre com o apoio dos amigos humanos que ela conquistou com seu jeitinho doce.
Mas, se é pra falar de aventuras inesquecíveis, ninguém em Quatiguá esquece a cena: Paçoca na Carreta Furacão, lado a lado com crianças e personagens, abanando o rabo como quem entende o show e gosta de ser parte dele. Uma estrela local. Quem nunca viu a Paçoca dar uma voltinha no Villa Imperial, ou "frequentar" a academia Master Fitness, como se tudo fosse seu quintal?
Uma despedida comovente
Nesta segunda-feira, dia 14, às 14h, ela foi enterrada com carinho em um cantinho especial, próximo à Biblioteca Municipal — lugar que simboliza bem a memória, a sabedoria e o aconchego, tudo aquilo que ela representava.
Cercada por amigos e admiradores, a cadela recebeu o último adeus.
Um legado de afeto
A cadelinha da prefeitura deixa um legado simples e imenso: o de que a convivência, mesmo entre diferentes espécies, pode ser construída com afeto genuíno. Paçoca era grande em presença. Não precisava de coleira, porque era livre. Não precisava de dono, porque era amada por todos. Era uma daquelas almas raras que sabem viver em comunidade melhor do que muito humano.
Tchau, Paçoca. Obrigado pelos dias de companhia, pelas manhãs nos canteiros, pelos desfiles, pelas risadas na Carreta Furacão e por nos ensinar tanto, mesmo em silêncio. Você não era só uma cachorra. Era um pedacinho de Quatiguá com patas e coração.
E vai fazer falta. Muita.
Arte realizada por Kassiana L Cardoso.
Prefeita Izilda e Paçoca
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Paçoca uniformizada para participar da Fanfarra junto à cantora Anadark
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Fonte: redação JRDiario - fotos: amigos da Paçoca - Postado em 14/04/2025