Após o primeiro turno das Eleições 2014, o Facebook, Twitter e Instagram foram tomados por assuntos políticos voltados ao segundo turno das eleições presidenciais. O problema é que o debate tomou outra direção. A discussão democrática entre os eleitores de Aécio (PSDB) e Dilma(PT) deu lugar a agressões nas telas de PCs, Tablets e celulares. Sobram farpas para todos os lados e, de repente, amigos se transformam em inimigos virtuais. rnAs postagens são as mais desprezíveis possíveis, mas podem ser resumidas em: “O bolsa família é para miserável, burro, morto de fome”. “Vagabundo vão viver às próprias custas e não encham nosso saco, senão não daremos mais nosso dinheiro de impostos para vocês.”rn“Fulana” escreveu, por exemplo, que “E outra, vc como advogada, achei que fosse mais inteligente!”, fazendo uma clara comparação de que o voto no PT é de pessoas burras.rn rnQuando a coisa parecia não poder piorar, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu sua valiosa contribuição ao debate da “qualificação” do voto.rnNuma entrevista Josias de Souza e Mario Magalhães, do Uol, FHC conseguiu classificar os eleitores petistas (43,3 milhões de almas) como uma imensa massa desprovida de discernimento.rn“O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados”, afirmou.rnO PT está “apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo, menos informados […]. Geralmente é uma coincidência entre os mais pobres e os menos qualificados.” Se há uma falha do PSDB, considera o ex-presidente, é de não conseguir dialogar com esse pessoal.rnFoi-lhe recordado que aquela abordagem ecoava a do brigadeiro Eduardo Gomes e da UDN na campanha para a presidência de 1950. O brigadeiro xingou de “marmiteiros” os eleitores do rival Getúlio Vargas.rnEssa eleição foi pródiga em trazer à luz questões prementes. Levy Fidelix, por exemplo, prestou um enorme serviço ao combate à homofobia — embora involuntário — com sua diatribe homofóbica muito louca num debate.rnFHC ganha o status de guru do que o jornalista Elio Gaspari chama de “demofobia”, medo do povo. Além da generalização estúpida sobre os adversários, passa a ideia de que o pessedebista é o oposto: um tipo bem informado e, por coincidência, mais rico.rnProvavelmente, também por coincidência, de São Paulo, já que os desfavorecidos de Minas e Rio deixaram Aécio Neves em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Já no Nordeste é aquela lama moral e intelectual.rnBastaria um papo com um taxista nos Jardins para Fernando Henrique mudar de ideia sobre esse personagem que votou em seu partido. Ou dar uma boa olhada no Facebook para ver a quantidade de aecistas despejando clichês higienistas num idioma remotamente parecido com o português.rnEleições à vista, fiscalização ainda posta em dúvida, militantes das legendas vão pintando e bordando no que diz respeito à liberdade de expressão; exageram na medida, e alguns, com muita ignorância, perpetuam o desespero remoto que vem pautando a política há algum tempo. rn rn
Fonte: Kiko Nogueira e Redação JRDIARIO

























